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#154: O que une Multifamily, Clubes Privados, Residenciais mistos e Senior Living

A tese da "Residência como Serviço" e como ela redefine as métricas de valor, do VGV ao NOI

Está buscando capital para projeto imobiliário? Confira essa novidade que estamos preparando.

ABERTURA

Essa semana realizamos mais uma edição do Terracotta Deep Dive, encontro do programa Terracotta Insider onde buscamos aprofundar o entendimento de teses emergentes no mercado imobiliário.

O tema da vez foi Residência como Serviço.

Escolhemos para a programação combinar quatro movimentos emergentes dos quais muito se tem falado: Multifamily, Clubes Privados, Residenciais de Uso Misto e Senior Living.

Mas o que essas variações de modelos têm em comum?

Na edição de hoje:

  • 🔑 O que Multifamily, Senior Living e Clubes Privados têm em comum?

  • 💰 O paradoxo do Vale do Silício: como ganhar dinheiro onde é quase impossível construir

  • 🤖 "Slopfication": a padronização que ameaça o valor dos imóveis

#1

O denominador comum: a residência como plataforma de experiências

Embora cada modelo tenha um público, um ticket e uma geografia diferentes, todos compartilham um mesmo vetor: a transição do imóvel como produto para o imóvel como serviço.

O foco deixa de ser a posse e passa a ser a experiência de uso, a recorrência da relação e a longevidade do vínculo com o cliente.

O Multifamily é hoje a classe de ativos mais relevante do mercado imobiliário americano, com mais de US$ 3,8 trilhões em valor, e uma dinâmica que combina estabilidade, escala e previsibilidade.

A lógica é clara: desenvolver, operar e reciclar ativos voltados à renda, sustentados por métricas operacionais e financeiras contínuas.

Vitor Costa, da Greystar, trouxe a visão de quem vive esse modelo em sua plenitude: o valor está na performance, não apenas na construção.

Enquanto Rodrigo Resende, da Luggo, mostrou o potencial da oportunidade de abraçar o cliente que está em busca de uma jornada de aluguel sem fricção.

Nos clubes privados, a moradia se transforma em extensão de um estilo de vida.

Esses empreendimentos criam comunidades intencionais ao redor de valores, paixões e propósitos compartilhados.

O ativo imobiliário é apenas o palco – o verdadeiro valor está na experiência e no pertencimento.

Leonardo Fagherazzi, da The Peak, mostrou como a convergência entre hospitalidade, esporte e convivência gera um produto de alta diferenciação, capaz de aumentar o ticket de venda e reduzir a sensibilidade ao preço.

É a economia da experiência aplicada ao imobiliário – onde a emoção e o estilo de vida viram linha de receita.

Nos residenciais de uso misto, a integração entre uso residencial, hospedagem e varejo cria uma nova camada de valor para o m².

Ao unir a operacionalidade da hotelaria com a estabilidade do residencial, esses empreendimentos alcançam um equilíbrio raro entre ocupação, fluxo de caixa e percepção de valor.

Beto Caputo, da Atrio, destacou que a chave está em operar o ativo de forma integrada, convertendo a estrutura física em múltiplas fontes de receita – diárias, locações, pay-per-use, serviços e experiências.

Por fim, o Senior Living surge como um dos segmentos mais relevantes da próxima década.

Com o envelhecimento populacional e a escassez de produtos qualificados, o setor se consolida como uma das maiores oportunidades estruturais do real estate.

Paula Lunardelli, da DOM Senior Living, apresentou o caso do LOMA, que traduz essa lógica: empreendimentos que entregam cuidado, conveniência e bem-estar em um modelo baseado em aluguel. 

Em contrapartida, Joseph Nigri, da Naara, trouxe a visão de seu primeiro lançamento em higienópolis com um empreendimento de uso misto e voltado para a venda ao público sênior de alto padrão no conceito de longevity residence

Abordagens diferentes, mas em torno da mesma oportunidade.

Apesar das diferenças, todos esses modelos reposicionam o papel do imóvel: de um bem negociado pontualmente para uma plataforma viva e recorrente de geração de valor.

A mudança estrutural: do ciclo de venda ao ciclo de uso

A lógica tradicional do setor imobiliário sempre foi vender unidades e encerrar a relação.

Nos modelos de Residência como Serviço, essa dinâmica se inverte.

A entrega das chaves marca o início da relação com o cliente, e não o fim.

Isso exige novas competências – operação, hospitalidade, tecnologia, dados e branding – e uma visão de negócio voltada para o longo prazo.

Empresas que entendem essa mudança deixam de buscar apenas margens de incorporação para capturar fluxos recorrentes de receita, baseados em satisfação, ocupação e fidelização.

O ativo físico passa a ser o meio, e não o fim: ele sustenta uma marca, uma experiência e uma comunidade.

As novas métricas do Real Estate Operacional

Esses modelos mostram que o real estate está deixando para trás o paradigma da margem sobre o custo e migrando para o da performance sobre o ativo.

Em vez de olhar apenas para o lucro da venda, o novo mercado observa a eficiência do capital ao longo do ciclo de uso.

O NOI, o Yield on Cost, o DSCR e o Cap Rate ajustado pela operação passam a ser tão ou mais importantes que o VGV.

Em outras palavras: o foco muda da construção para a gestão do ciclo de vida do imóvel, medindo recorrência, eficiência e resiliência.

É uma mudança profunda – cultural e financeira – que redefine o que significa “fechar a conta” em um projeto imobiliário.

O papel do incorporador nessa nova lógica

Para participar dessa transformação, o incorporador precisa mudar seu papel na cadeia de valor.

Ele deixa de ser apenas um produtor de imóveis e passa a ser um orquestrador de ecossistemas de uso. Seja no papel de developer, seja no papel de um operador profissional.

Pode continuar dono do ativo, operar com parceiros especializados ou estruturar o negócio para capturar parte do valor recorrente – o essencial é estar inserido na jornada completa do cliente.

Mais do que construir prédios, trata-se de construir relações de longo prazo, sistemas de serviços integrados e modelos híbridos de monetização, que combinam capital imobiliário, know-how operacional e identidade de marca.

No fim, Multifamily, Clubes Privados, Residenciais de Uso Misto e Senior Living são expressões diferentes de uma mesma tese: a de que o valor do imóvel do futuro estará menos na parede e mais na relação que ele abriga.

#2

Real Estate no vale do silício

O Vale do Silício é a 4ª maior economia do mundo. Um motor de inovação que concentra uma riqueza trilionária, lar de gigantes como Apple, Google e Meta.

No entanto, esse dinamismo cria um paradoxo urbano: é um dos lugares com maior demanda por moradia e, ao mesmo tempo, um dos mais restritivos e burocráticos para se construir.

O resultado é um mercado onde a oferta é mínima, o preço por metro quadrado ultrapassa os US$ 1.000/ft² e imóveis de luxo são vendidos em menos de 20 dias, mesmo em um ciclo de juros altos.

Quem consegue navegar essa burocracia não apenas constrói casas, mas cria valor institucional.

É nesse contexto que atua a FAB Homes, uma plataforma de desenvolvimento imobiliário fundada por brasileiros. 

A empresa se especializou em transformar a escassez em estratégia, combinando arquitetura autoral brasileira com uma execução verticalizada.

Orquestrando um "Capital Stack Inteligente" em múltiplas camadas a empresa vem entregando resultado e mostrando como transformar o desafio de um mercado em uma grande oportunidade.

Para conhecer mais sobre as oportunidades do imobiliário no Vale do Silício, acesse a análise completa aqui.

#3

A "Slopfication" no Imobiliário

Você já ouviu falar em Slopfication? O termo vem do inglês "slop" (algo como "gosma" ou "resíduo") e descreve o processo de transformar o que era criativo e único em algo padronizado e sem alma.

Na internet, a IA generativa acelerou isso, criando um mar de textos e imagens que parecem cópias de cópias. 

Nos últimos dias, inclusive, viralizou este gráfico da Axios mostrando que a proporção de artigos escritos por IA superou a quantidade de publicações geradas por humanos.

No mercado imobiliário, o fenômeno também existe, e em duas camadas. 

A primeira é o "AI slop" dos renders e textos de marketing genéricos. 

A segunda é mais profunda: é a Slopfication econômica.

É o que acontece quando a planilha substitui a visão empreendedora e o cálculo da TIR se sobrepõe à arte de criar lugares com propósito. O resultado são empreendimentos tecnicamente corretos, mas vazios de identidade.

Mas o que o mercado diz sobre isso?

Evitar a "Slopfication" não é apenas uma questão de gosto, é uma estratégia econômica. 

Estudos mostram que projetos com design autoral podem valer até 25% mais que empreendimentos genéricos. 

O mesmo vale para o retrofit, que se tornou o principal antídoto contra a padronização.

Na análise completa, mergulhamos nos números que provam por que a autenticidade gera valor e como o retrofit e as branded residences (quando bem feitas) são a resposta para um mercado saturado de projetos esquecíveis.

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