- Radar Terracotta
- Posts
- #151: Os 4 erros que afastam o capital do seu projeto imobiliário
#151: Os 4 erros que afastam o capital do seu projeto imobiliário
Da falta de domínio dos números à apresentação frágil: o que separa quem capta de quem apenas se queixa dos juros

Em comemoração às 150 edições do Radar Terracotta, montamos uma curadoria com as edições mais lidas dos últimos meses. Clique aqui e confira!
ABERTURA
Enquanto muitos empreendedores culpam o “custo do capital”, a verdade pode ser mais dura:
O capital não está caro demais. O seu projeto é que vale pouco para ele.
Essa inversão de perspectiva abre caminho para entender algo maior: o capital está mais seletivo, mais estratégico e migrando para onde há clareza, eficiência e narrativa.
Hoje, quero te mostrar os quatro erros que afastam bons projetos do dinheiro certo; o boom do Extended Stay, a categoria que está redefinindo o equilíbrio entre morar e hospedar; como o Real Estate Esportivo transformou estádios em ecossistemas bilionários e o que isso ensina sobre estruturar capital com propósito.
O ponto comum entre estes temas? O entendimento de que o capital vai para onde há coerência, não para onde há carência.
Boa leitura!
Na edição de hoje:
💡 O capital não está caro demais
🏨 O modelo que une morar e hospedar em um só ativo
🏗️ Estádios deixaram de ser só arenas para virar ecossistemas bilionários
🎙️ Você pode escutar esta edição clicando aqui
#1
O capital não está caro demais para você. O seu projeto que é pouco atrativo para o capital.
Preparando a segunda aula do nosso Bootcamp sobre Alternativas de Funding, fui surpreendido por uma percepção incômoda.
É comum ouvir empreendedores reclamando do custo do capital.
"Está caro", "não fecha conta", "os bancos pedem demais", "os investidores são exigentes".
A queixa é quase sempre a mesma: o problema está do lado de fora.
Mas e se o problema estiver do lado de dentro?
Na maioria dos casos, o capital não está caro demais para o seu projeto. É o seu projeto que não se qualifica para o capital que você deseja.
Duro? Talvez. Mas necessário.
Abaixo, quatro erros comuns que sustentam essa tese – todos baseados na observação direta de dezenas de pitches, apresentações e projetos mal posicionados (muitos desses erros eu mesmo cometi).

1. Você não domina o seu próprio projeto
Não importa se você desenvolve tecnologia ou incorpora imóveis. A deficiência mais comum é a falta de domínio técnico sobre o projeto que está sendo vendido.
Todo mundo acredita que seu projeto é “excelente”, mas poucos resistem a uma primeira rodada de perguntas estruturadas:
Como você chegou nesse preço de venda?
Qual o histórico de entrega em projetos semelhantes?
O que acontece com minha rentabilidade se o custo de obra subir 10%?
Não adianta ter uma planilha bem formatada se as premissas são frágeis ou copiadas de um benchmark qualquer. Investidor sério quer ouvir raciocínio – não wishful thinking.
Antes de buscar dinheiro, busque clareza.
Afinal, se nem você tem convicção nos seus números, por que outros teriam?
2. Você não cuida da forma como apresenta
Sim, a forma importa muito.
Se você está pedindo milhões para um investidor e sequer se deu o trabalho de contratar um bom designer para montar sua apresentação, já começou perdendo.
Boas ideias morrem em PDF mal diagramado.
A lógica é simples: se você não é capaz de apresentar bem seu projeto, por que alguém acreditaria que você vai executá-lo com atenção aos detalhes?
Design não é estética. É estratégia para moldar percepção. Invista nisso.
3. Você não entende como seu projeto é percebido
Na cabeça de quem busca capital, todo projeto é promissor. Mas na cabeça do investidor, todo projeto é classificado: high grade ou high yield.
E a forma como você será lido define a régua de exigência.
Se seu projeto se encaixa na tese do investidor, em uma região conhecida, com risco baixo e margens robustas, você pode ser considerado high grade. O capital vai custar menos.
Mas se o risco é maior – novo mercado, nova estrutura, time inexperiente – então ele é high yield. E isso exige retorno proporcional ao risco.
Saber se posicionar dentro dessa lógica é o que separa quem atrai capital de quem só atrai desculpas.
4. Captar é vender. E vender é trabalhar o funil inteiro.
Admiro empreendedores como os da Invisto, que levantaram mais de R$ 1 bilhão.
Mas o que poucos percebem é que esse resultado só foi possível porque eles apresentaram o projeto para uma ampla gama de investidores. Pessoalmente, um por um.
Captação é venda, e com nível de complexidade ainda maior.
Se você domina seu projeto, apresenta bem e entende o jogo de percepção, sua chance de captar aumenta exponencialmente.
Mas não se iluda: isso exige intensidade.
Ainda não conheci sequer um empreendedor que tenha feito tudo isso com consistência, apresentado a mais de 200 potenciais investidores e não tenha tido resultados. Um plano bem sucedido de captação começa dentro de casa.
#2
Extended Stay: a nova fronteira entre morar e hospedar
O mercado de locação vive um paradoxo. De um lado, o short stay (Airbnb e similares) enfrenta crescente pressão regulatória e altos custos operacionais. Do outro, o aluguel tradicional segue rígido e burocrático.
No vácuo entre esses dois modelos, uma nova classe de ativos está se consolidando: o Extended Stay.

Trata-se de empreendimentos com layout funcional e operação hoteleira enxuta, desenhados para estadias de 14 a 90 dias.
O modelo une a flexibilidade da hospedagem com a estabilidade da moradia, atraindo profissionais móveis, trabalhadores temporários e pessoas em transição.
Não por acaso, o capital institucional já percebeu o movimento: Blackstone e Starwood, por exemplo, aportaram juntos US$ 7,5 bilhões nesse segmento apenas nos EUA.
O que atrai os grandes fundos é uma combinação rara: alta ocupação com baixa complexidade operacional, resultando em margens superiores às da hotelaria tradicional.
Mas como funciona a unidade econômica desse modelo? E quais são as estratégias para investir na prática?
No Radar Pro desta semana, abrimos os números: um comparativo de cap rate e ocupação contra os modelos tradicionais.
Além disso, detalhamos 3 cases que ilustram diferentes teses de investimento no setor e mergulhamos no potencial do Extended Stay no Brasil.

#3
Esporte e Real Estate: quando a paixão vira estratégia imobiliária
O valor de um estádio não está mais restrito ao dia do jogo.
A nova fronteira do desenvolvimento imobiliário está transformando arenas esportivas em âncoras para bairros inteiros, com moradia, escritórios, varejo e lazer.

São os chamados Sports-anchored mixed-use districts, uma classe de ativos que combina a força do entretenimento com a resiliência do real estate e que deve atrair até US$ 100 bilhões em novos investimentos nos próximos anos.
O caso mais emblemático é o Mission Rock, em São Francisco.
Lá, o time de beisebol San Francisco Giants, em parceria com a gigante Tishman Speyer, está transformando 113 mil m² de estacionamentos ao lado do seu estádio em um novo e vibrante bairro.

O projeto já atraiu a nova sede global da Visa e conta com torres residenciais e varejo em operação.
Mas como um time de esporte estrutura o capital para um projeto multibilionário?
Qual o perfil de retorno e risco para um investimento dessa magnitude?
E como essa tese poderia ser aplicada no Brasil, usando a força de grandes clubes de futebol?
No Investor Track dessa semana, abrimos o jogo de capital por trás do Mission Rock – um mix de Private Equity, títulos públicos e a venda de parte da própria franquia.
Além disso, detalhamos o perfil de retorno esperado (TIR de 14-20%) e as lições que o Real Estate Esportivo traz para o mercado brasileiro.
NO NOSSO RADAR
Leia também:
McKinsey e o futuro dos carros autônomos
Startup que transforma plantas em material de construção capta rodada
Projeto em Boston tenta mudar o eixo da cidade
Apagão verde em São Paulo
Como reforma tributária pode atrasar lançamentos
Novo FII foca no MCMV
Crédito para reforma de casas ganha impulso
RETROSPECTIVA
Leia as últimas edições:
FEEDBACK
Como você avalia o Radar Terracotta?Indique a faixa que melhor identifica sua percepção de valor |
Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas. |
Se gostou do conteúdo, encaminhe para um conhecido seu
Reply