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O ROI do Design Biofílico no Imobiliário
Como a biofilia potencializa o investimento imobiliário

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ABERTURA
O tema design biofílico voltou ao noticiário.
O Financial Times destacou como o “boom do bem-estar” está moldando o mercado imobiliário global, enquanto a Bloomberg apontou que edifícios projetados para promover a conexão com a natureza têm superado seus pares em valorização e ocupação.
O movimento indica uma mudança de paradigma: o mercado começa a precificar o bem-estar humano como um ativo de valor – e não mais como um diferencial estético.
Por trás disso está o conceito de design biofílico.
No conteúdo de hoje:
🍃 O design biofílico: tese de investimento, não apenas decoração.
💰 As três dimensões financeiras do ROI do design biofílico.
📈 A prova do conceito: a evidência sólida do mercado corporativo.
🏡 Como a tese se aplica (e se comprova) no mercado residencial?
📊 A matemática não mente: o cálculo que eleva a TIR do projeto.
👁️ A conclusão: o desafio do investidor que enxerga além.
#1
O que é o design biofílico no imobiliário
Biofilia, termo popularizado pelo biólogo Edward O. Wilson, significa literalmente “amor à vida”.
No contexto imobiliário, o design biofílico é a aplicação prática dessa ideia: projetar ambientes que restabeleçam a conexão entre as pessoas e a natureza, mesmo em meio ao concreto.
No imobiliário, isso se traduz em:
Luz natural abundante e ventilação cruzada, reduzindo o uso de iluminação e climatização artificial.
Integração visual e física com áreas verdes, como jardins internos, varandas vegetadas e vistas abertas.
Uso de materiais e formas naturais, madeira, pedra e texturas orgânicas que reduzem o estresse e aumentam o conforto sensorial.
Mais do que estética, é uma estratégia de design que influencia o comportamento humano, a eficiência energética e o valor percebido do imóvel.
A pergunta certa: o que isso muda para o investidor imobiliário?
Para o investidor, a questão não é se o design biofílico é bonito – é se ele gera retorno.
Nos últimos anos, o setor imobiliário passou a olhar para a biofilia como tese de investimento, e não como decoração. A lógica é simples:
Se o espaço melhora o desempenho e o bem-estar do ocupante, ele se torna mais desejado.
Se é mais desejado, atrai e retém inquilinos, aumenta a disposição a pagar e reduz risco de vacância.
Se, ao mesmo tempo, melhora a eficiência operacional, aumenta o NOI e o valor do ativo.
O design biofílico é, portanto, uma ponte entre produtividade humana e rentabilidade imobiliária.
#2
O ROI do Design Biofílico
O retorno financeiro se manifesta em três dimensões complementares:
1. Receita – disposição a pagar
Inquilinos corporativos estão dispostos a pagar 5% a 12% mais por escritórios que priorizam bem-estar e natureza.
Esses espaços também apresentam velocidade de locação 10% a 20% superior, reduzindo vacância e estabilizando o fluxo de caixa.
2. Eficiência operacional – redução de custos
O uso de luz natural pode reduzir o consumo elétrico em até 60%, e coberturas ou paredes verdes diminuem os custos de climatização entre 20% e 50%.
A redução global de OpEx fica entre 15% e 30%, aumentando diretamente o NOI.
3. Valorização patrimonial – aumento de valor de mercado
Ativos sustentáveis e biofílicos apresentam valorização média de 8% a 12%, refletindo a preferência de investidores e ocupantes por espaços que entregam saúde, eficiência e diferenciação.
O custo adicional (CAPEX) para incorporar elementos biofílicos em projetos novos é, em média, inferior a 2,1%.
E estudos internacionais indicam payback de quatro meses em projetos corporativos que melhoram produtividade e retenção de talentos.

#3
A evidência corporativa é sólida
Os escritórios e sedes corporativas são o laboratório mais avançado dessa tese.
Pesquisas como o Human Spaces Report mostram que ambientes com elementos naturais elevam o bem-estar em 15%, a produtividade em 6% e a criatividade em 15%.
Empresas que operam em espaços biofílicos relatam redução de absenteísmo de até 32%, menor turnover e maior engajamento.

Isso significa, para o locatário, economia de custos de pessoal e ganhos de desempenho; e, para o proprietário, maior estabilidade contratual e prêmio de aluguel justificado.
Nos mercados maduros, esse ciclo virtuoso já se reflete em valorização de 15% a 20% mais rápida para ativos de bem-estar.
#4
E no residencial?
No mercado residencial, o design biofílico reforça o valor percebido e diferencia o produto.
Embora ainda faltem dados financeiros consolidados, há sinais claros de que o contato com a natureza aumenta a atratividade e contribui para a valorização.
Pesquisas do FipeZAP+ mostram que a proximidade de áreas verdes é um dos principais fatores de decisão na compra de imóveis, atrás apenas de localização e segurança.
Dados do Loft Dados e de estudos regionais indicam que imóveis próximos a parques têm preços de venda mais altos, ainda que o impacto na velocidade de absorção varie conforme o mercado.
Se o verde externo já agrega valor, a biofilia no design interno tende a potencializar essa percepção.
Mesmo sem séries que comprovem maior velocidade de venda ou menor desconto, os indícios apontam que integrar natureza e arquitetura eleva a percepção de qualidade e preserva valor de revenda.
Para o investidor, o design biofílico é um diferencial competitivo que protege contra obsolescência e fortalece o potencial de valorização e renda.
O paralelo entre o corporativo e o residencial de renda
A mesma lógica que valorizou os escritórios biofílicos pode se repetir nos ativos residenciais de locação.
Nos dois casos, a natureza é usada como vetor de retenção: o ocupante se sente melhor, fica mais tempo e valoriza o espaço.
Com o avanço dos modelos de renda recorrente no Brasil, o design biofílico tende a ganhar peso como alavanca de rentabilidade.
Se no corporativo ele reduziu vacância e aumentou prêmios de aluguel, no residencial pode fazer o mesmo – com o bônus de gerar maior apelo emocional e fidelização.
#5
A matemática não mente
Imagine que investiu R$ 100M na construção de um edifício multifamily, com a expectativa de obter 90% de taxa de ocupação, 5% de reajuste anual dos aluguéis e um caprate na saída em 9%.
Agora considere que acreditou no design biofílico, melhorou o projeto, investiu R$ 105M na construção, mas em contra partida a taxa de ocupação foi para 95%, e o reajuste anual para 6% com o mesmo caprate na saída.
O resultado? A TIR de um multifamily biofílico seria 12,5% maior em um período de 15 anos.
Às vezes é uma pequena diferença que transforma o projeto inviável em um projeto rentável.

Como temos falado por aqui, pensar um ativo para renda demanda entender o que gera valor ao longo do ciclo de vida dele e não apenas no lançamento.
#6
Conclusão: o investidor que enxerga além
O design biofílico deixou de ser luxo para se tornar estratégia de geração de valor.
Ele entrega diferenciação competitiva, reduz risco e melhora a performance financeira do ativo – hoje, de forma comprovada no corporativo e, em breve, também no residencial.
Para o investidor, o desafio é olhar além do projeto e enxergar a experiência humana como parte do valuation.

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