- Radar Terracotta
- Posts
- Ouro dispara. Real estate estabiliza
Ouro dispara. Real estate estabiliza
Por que o real estate global perdeu (temporariamente) seu posto de porto seguro para o ouro

Esta é a Investor Track, nossa nova análise semanal focada em estratégias e teses de investimento para o mercado imobiliário da próxima década. Para se inscrever e receber toda semana, basta clicar aqui.
ABERTURA
Nos últimos dias, o ouro rompeu recordes históricos, superando US$ 3.000 por onça.
Mas, em contrapartida, nos últimos três anos, os preços reais dos imóveis em economias avançadas – medidos pelo Bank for International Settlements (BIS) – ficaram praticamente parados.
Enquanto o ouro disparou – impulsionado por juros reais negativos, expansão monetária sem precedentes e incertezas geopolíticas – o real estate atingiu um platô.
O Índice Global de Preços Residenciais do BIS mostra que, após o pico em 2021, o mercado imobiliário nas economias avançadas entrou em uma fase de estagnação e leve correção, ajustando-se ao novo patamar de custos de capital e à desaceleração da demanda.

Essa divergência não é um detalhe: ela é um sinal sobre como o capital global está lendo risco, valor e tempo.
Durante décadas, o real estate foi sinônimo de proteção. Um porto seguro. Um ativo real, tangível e previsível.
Mas o novo ciclo econômico está mostrando algo diferente: o ouro voltou a ser o “reflexo do medo”, enquanto o real estate parece ter perdido parte de sua aura de refúgio automático.
E entender isso é essencial para quem quer investir de forma antifrágil.
No conteúdo de hoje:
📊 A verdadeira mensagem por trás da estabilização dos preços de imóveis em economias avançadas
🥇 O que a disparada do ouro revela sobre a desconfiança em relação às moedas fiduciárias e ao regime fiscal global
🏘️ A razão pela qual o ativo de longa duração perde para a liquidez imediata em um cenário de juros altos e incerteza fiscal
#1
O ouro está gritando: o mercado busca proteção líquida
A alta recente do ouro não é uma euforia de curto prazo. Ela carrega três mensagens macro claras:
Medo de regime fiscal e geopolítico – O ouro sobe quando os investidores desconfiam das moedas fiduciárias, especialmente do dólar. O mundo vive um ciclo de déficits persistentes e polarização global.
Aposta em queda de juros reais – O ouro não paga juros. Portanto, quando o mercado acredita que os juros reais vão cair, ele se valoriza.
Reprecificação da liquidez – Ouro é o “ativo real mais líquido do mundo”. Em um ambiente de incerteza e volatilidade, ele ganha relevância exatamente por não depender de crédito, manutenção ou regulação.
Em resumo, o ouro está sendo comprado não pelo que rende, mas pelo que representa: autonomia, liquidez e proteção imediata.
#2
O real estate global ficou de lado – e isso faz sentido
Enquanto o ouro sobe quase 50% em 12 meses, o índice de preços reais de imóveis do BIS mostra estabilidade – uma pausa após 15 anos de alta contínua.
A leitura é simples: o imóvel continua sendo um ativo real, mas sua precificação está travada no custo de capital.

O real estate é, por natureza, um ativo de duração longa. Depende de crédito, confiança e tempo.
Com juros altos e incerteza fiscal, o investidor global prefere ativos que entregam liquidez imediata, não retornos de longo prazo.
Além disso, a mudança estrutural de demanda – impulsionada por tecnologia, trabalho remoto e novas formas de moradia – fragmentou o mercado.
Não existe mais “o” real estate, mas sim muitos real estates, cada um com dinâmica própria: logística, multifamily, coliving, data centers, residencial premium, etc.
#3
A nova regra: o imóvel não é mais o ouro do investidor conservador
No ciclo passado, bastava comprar um bom imóvel para ter ganho real acima da inflação.
Hoje, o real estate precisa competir com alternativas líquidas, globais e digitais.
O tijolo deixou de ser hedge automático e virou ativo de performance.
Ele ainda protege, mas via renda, eficiência e gestão, não mais via valorização passiva.
O investidor que continuar tratando imóvel como ouro físico – guardado e imobilizado – provavelmente vai perder para quem opera o ativo como um sistema vivo: gerador de dados, renda e liquidez.
Falamos sobre isso na análise do comportamento dos family offices na última edição.
Mas e o Brasil? Por que alguns mercados disparam?
Se o mundo está estagnado, por que algumas regiões brasileiras – como litoral catarinense, interior de São Paulo e Nordeste – vivem um boom imobiliário?
A resposta está em microdinâmicas locais, não em macroeconomia global.
Essas regiões estão em um ciclo próprio de valorização estrutural, mas não imunes ao ambiente global.
Quando o custo de capital cair, é provável que esse movimento se espalhe – mas até lá, o real estate global segue em modo de espera.
O que essa divergência ensina sobre o investidor à prova de futuro
O investidor à prova de futuro não é o que escolhe entre ouro e imóveis.
É o que entende o papel de cada um dentro de um portfólio que equilibra liquidez, renda e convexidade.
O ouro protege contra o imprevisível. O real estate protege contra o tempo.
Mas nenhum dos dois, sozinho, é suficiente num mundo de transição.
Assine o Investor Track e receba um material exclusivo:

Para começar a receber o conteúdo semanal, basta estar inscrito no Radar Terracotta e clicar aqui.
Ao se cadastrar, você receberá em seu e-mail o material que apresentei a um grupo de investidores, com um mapa das estratégias para navegar neste novo cenário.
NO RADAR
Leia as últimas edições:
FEEDBACK
Como você avalia o Radar Terracotta?Indique a faixa que melhor identifica sua percepção de valor |
Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas. |
Se gostou do conteúdo, encaminhe para um conhecido seu
Reply