#149: O momento da infraestrutura

A mudança do modelo de ativos pesados para "Infra-as-a-Service" e o que isso significa para o capital privado

Recentemente, trouxemos um framework inédito para empreendedores imobiliários que vivem na pele os desafios da captação para seus projetos. Clique aqui e confira!

ABERTURA

Com frequência trazemos uma perspectiva sobre o ambiente imobiliário, mas hoje abrimos o Radar Terracotta com o novo momento que o segmento de infraestrutura está vivendo.

Afinal, se queremos cidades melhores e uma economia mais competitiva, precisamos investir em melhorar aquilo que dá suporte a tudo.

O novo relatório da McKinsey traz uma boa perspectiva de por que também estamos vivendo a era das colisões no segmento de infraestrutura.

Boa leitura!

Na edição de hoje:

  • 🌍 O “infrastructure moment” que redefine o papel do setor no mundo

  • ⚡ Quatro vetores que estão quebrando o modelo clássico

  • 🏗️ O que governos, investidores e operadores precisam fazer

  • 🏡 Impressões ao vivo da Boxabl: além da casa dobrável

  • 🌐 Investindo em Dubai com crowdfunding

  • 🎙️ Você também pode escutar essa edição clicando aqui

#1

O momento da nova infraestrutura

Estamos vivendo o que McKinsey batiza de “the infrastructure moment”. 

Um momento decisivo em que ela deixa de ser um mero suporte para se tornar protagonista da transformação global – de acordo com seu último report

O futuro do setor não será definido por projetos isolados, mas por uma nova visão:

Infraestrutura como plataforma orquestradora de energia, digitalização, mobilidade, serviços urbanos e sustentabilidade.

A ambição de US$ 106 trilhões até 2040

A McKinsey projeta a necessidade de US$ 106 trilhões em investimentos até 2040, com o transporte representando a maior fatia (US$ 36 trilhões).

Esse volume só é viável ao expandir o conceito de infraestrutura para incluir redes digitais, data centers e serviços de operação.

A Ásia, impulsionada pela urbanização e crescimento industrial, deve absorver mais de dois terços desses recursos.

Quatro vetores de disrupção

Estamos abandonando o modelo clássico — baseado em ativos pesados, redes centralizadas e tecnologias fósseis — para uma nova era tech-enabled, modular e orientada por serviços.

A lógica muda: menos dependência de obra bruta e mais eficiência via software, em uma transição similar à que o setor de TI viveu com a nuvem.

Ou seja, haverá uma migração para modelos como "infraestrutura como serviço" (IaaS), pay-as-you-go e plataformas digitais que permitem escalabilidade com menor rigidez de capital.

Alguns vetores impulsionam esta transição:

Ativos envelhecidos / subdimensionados: infraestrutura legada não aguenta as demandas modernas — seja por desgaste, obsolescência ou estresse climático e regulatório.

Urbanização & demografia: até 2050, estima-se que cerca de 70% da população mundial viverá em áreas urbanas.

Digitalização e IA: demanda por data centers, redes, sensores, monitoramento preditivo, automação. Um exemplo: workloads de IA devem aumentar e pressionar operações de data centers e grids elétricos.

Transição energética: dobrar investimentos em energia limpa, modernizar redes, adicionar armazenamento e integrar sistemas descentralizados.

Nesse cenário, o capital privado ganha força, com ativos sob gestão saltando de US$ 500 bilhões (2016) para US$ 1,5 trilhão (2024).

A quebra de silos virou regra: 75% do capital recente foi alocado em estratégias que integram diferentes verticais.

Onde as interseções geram valor

A maior parte da inovação não estará em “vertical pura”, mas nos pontos de fusão. Exemplos:

  • Energia + digital: data centers exigem grande carga elétrica — investir só no imóvel não basta. É preciso orquestrar geração renovável, redes inteligentes e capacidade de refrigeração integrada.

  • Agricultura e resíduos + energia + transporte: produção de biogás, combustíveis sustentáveis e fertilizantes circulares interligam vários elos do sistema.

  • Transporte + energia + digital: carregamento veicular, V2G (vehicle‑to‑grid), rotas autônomas conectadas dependem de sinergia entre rodovias, rede elétrica e conectividade de alta performance.

Essas junções criam ecossistemas com eficiência e resiliência muito acima do que cada vertical isoladamente poderia gerar.

Novamente, vemos aqui o movimento que temos repetido: a era das colisões

O que cada ator precisa fazer

Governos

  • Reaproveitar ativos subutilizados: terrenos, estruturas, espaços públicos — como exemplo, transformar bases militares ou terrenos ociosos em hubs energéticos ou data centers.

  • Simplificar regulação e concessões: prazos claros, portais unificados, critérios de análise de risco alinhados com investidores privados.

  • Competitividade e frameworks de atração: contratos bem estruturados, mecanismos de participação privada, garantias regulatórias.

Investidores

  • Diversificar verticalmente e por tema: não mais apenas “infra rodoviária”, mas também digital, energia, serviços urbanos.

  • Buscar cross‑vertical early movers: quem enxergar o entrelaçamento primeiro obterá vantagem competitiva.

  • Value creation intenso: com juros mais altos, diferenciação operacional (IA, analytics, otimização) será fundamental.

Operadores / Desenvolvedores

  • Adotar tecnologia de ponta: IoT, IA, monitoramento preditivo, construção modular para reduzir custos e prazos.

  • Ampliar modelo de negócios: não apenas cobrar taxas de uso, mas oferecer “infraestrutura como serviço”, operações e manutenção, pacotes integrados.

  • Estender a vida útil de ativos: usando sensores, manutenção preditiva e reforços tecnológicos para postergar substituições.

A grande virada não será vencida pela escala ou pelo músculo financeiro isolado, mas pela capacidade de articular ecossistemas inteligentes e multifacetados.

No Brasil — com desafios urgentes em saneamento, transporte urbano, digitalização e energia — essa oportunidade é gigantesca.

Quem pensar em “modularidade”, “integração vertical” e “frameworks público‑privados ágeis” hoje poderá moldar o nosso próximo ciclo de investimento.

#2

Impressões ao vivo da Boxabl: além da casa dobrável

A Boxabl ficou famosa pela promessa de uma casa que dobra e se desdobra em horas. 

À distância, a tese é poderosa, mas sempre levanta dúvidas: é marketing ou tecnologia de verdade? O produto é robusto ou frágil?

Para separar o hype da realidade, fomos até a fábrica da empresa em Las Vegas. 

A visita consolidou algumas percepções e derrubou outras. As duas primeiras impressões:

A comunicação é pilar da estratégia. A visita não é um simples tour técnico, mas uma experiência de marca roteirizada para encantar. Com milhões de investidores e quase 200 mil pessoas na lista de espera, fica evidente que eles dominam a narrativa.

O produto é melhor do que parece. Confesso que tinha a impressão de um produto com arquitetura pobre e acabamentos questionáveis. Ao vivo, a percepção muda. Há uma consistência estrutural que impressiona e uma clara adequação entre produto, preço e cliente.

Esses pontos validam o presente da empresa. Mas as descobertas mais importantes não estão no produto atual, e sim na direção que a empresa sinaliza para o futuro.

O que acontece quando o foco deixa de ser a casa dobrável? E por que a estratégia da Boxabl se parece mais com a da Tesla do que com a de uma construtora?

No texto completo, compartilho os aprendizados mais contraintuitivos da visita, incluindo a transição silenciosa do modelo de negócio e a aposta "all-in" que pode definir o futuro da construção modular.

#3

Investindo em Dubai

O movimento de internacionalização do capital brasileiro vai muito além dos Estados Unidos. 

Cada vez mais, investidores buscam diversificar em novos mercados, e um dos que mais chama a atenção é Dubai.

Mas como acessar um mercado tão dinâmico sem precisar comprar um imóvel inteiro ou lidar com a burocracia local? 

Uma das portas de entrada mais acessíveis é o crowdfunding imobiliário.

Plataformas como a Stake permitem que múltiplos investidores comprem frações de imóveis premium, recebendo aluguel mensal em dólar com baixo aporte inicial.

Para entender a tese na prática, decidi testar o modelo com skin in the game.

A estratégia foi investir em uma operação de Flip and Lease

Adquirir um apartamento de alto padrão, executar uma reforma para agregação de valor e, em seguida, alugá-lo para contratos de longo prazo, buscando uma renda estável e dolarizada.

A operação combina a valorização do ativo através da reforma com a geração de caixa recorrente e previsível.

Mas como funciona a economia de um negócio como esse? 

Qual o custo total da operação, o orçamento da reforma, a receita de aluguel esperada e, o mais importante: qual o retorno projetado para o investidor?

Na análise completa, abrimos todos os números da operação:

o breakdown do investimento,
 o cap rate líquido,
 o retorno total esperado em 5 anos,
 e o calendário de recebimento dos 1o's rendimentos.

FEEDBACK

Como você avalia o Radar Terracotta?

Indique a faixa que melhor identifica sua percepção de valor

Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas.

Se gostou do conteúdo, encaminhe para um conhecido seu

Reply

or to participate.